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Guerra Comercial em 2025: O Que Está Acontecendo no Mundo — e Como Isso Afeta o Brasil

Em 2025, o mundo vive um novo capítulo de tensões econômicas que estão redesenhando o cenário do comércio internacional. Após anos de relativa estabilidade, a guerra comercial entre os Estados Unidos e outras potências globais voltou com força total, impulsionada por medidas protecionistas do governo norte-americano, principalmente contra a China, mas também envolvendo Europa, Japão, Coreia do Sul e outros aliados.


Embora o Brasil não seja um dos protagonistas diretos dessa disputa, os reflexos dessa nova guerra comercial têm impacto real e imediato sobre a economia brasileira — especialmente nas exportações, nos investimentos estrangeiros, na balança comercial e na posição do país nas cadeias globais de valor.


Neste artigo, você vai entender:

  • O que está por trás da guerra comercial de 2025;

  • Quais são as medidas mais polêmicas adotadas até agora;

  • E, o mais importante: como tudo isso afeta o Brasil — tanto em desafios quanto em oportunidades.


Entendendo a guerra comercial de 2025

A guerra comercial atual foi reacendida no início de 2025, durante o segundo mandato do ex-presidente Donald Trump. Em nome de “proteger a indústria americana” e “frear práticas desleais”, os EUA elevaram tarifas sobre produtos chineses e europeus a patamares históricos — em alguns casos chegando a 145%. A justificativa incluiu temas como espionagem industrial, desequilíbrio na balança comercial e dependência de semicondutores e matérias-primas estratégicas.


A China respondeu com medidas igualmente agressivas: tarifas sobre produtos agrícolas e industriais norte-americanos, restrições na exportação de terras raras e acordos comerciais bilaterais com países em desenvolvimento, excluindo os EUA.

O resultado? Uma desaceleração global, com cadeias de suprimentos comprometidas, aumento da inflação em diversas regiões e instabilidade nos mercados internacionais.


O impacto no Brasil: entre riscos e oportunidades


1. Agronegócio: demanda chinesa pode beneficiar o Brasil

Com a China reduzindo suas compras dos EUA, o Brasil se torna ainda mais estratégico para os chineses, especialmente na exportação de soja, milho, carne bovina e suína. Isso fortalece o agronegócio brasileiro e pode gerar um aumento significativo no volume de exportações e no superávit comercial.

Contudo, essa dependência maior da China também acende alertas. Em caso de desaceleração na economia chinesa — algo possível diante do conflito — o Brasil pode ser afetado em cheio pela queda na demanda de commodities.


2. Aço, alumínio e manufaturas em alerta

Os EUA voltaram a impor cotas e tarifas sobre o aço brasileiro, o que complica a vida da siderurgia nacional, já fragilizada por anos de excesso de capacidade e concorrência desleal de países asiáticos.

Ao mesmo tempo, a indústria de base do Brasil perde competitividade em mercados internacionais, já que a guerra pressiona preços, aumenta custos de insumos importados e restringe a previsibilidade de contratos globais.


3. Instabilidade cambial e inflação importada

Em 2025, o dólar está novamente em alta por causa da aversão global ao risco. Isso gera valorização das commodities brasileiras, mas também encarece produtos importados, principalmente itens de tecnologia, fertilizantes, máquinas e equipamentos.

Para o consumidor final, isso se traduz em aumento nos preços. E para o produtor, em custos mais elevados na cadeia de suprimentos, o que pressiona a inflação no Brasil — mesmo com a taxa Selic em trajetória de queda.


4. Redirecionamento de investimentos globais

Com as tensões entre EUA e China, muitas empresas estão adotando a estratégia do chamado friendshoring — buscar parceiros comerciais em países neutros ou aliados. O Brasil tem potencial para atrair parte desses investimentos, principalmente nas áreas de alimentos, energia renovável, mineração e tecnologia verde. No entanto, a alta burocracia, o custo Brasil e a insegurança jurídica ainda limitam esse potencial.


5. Indústria nacional precisa se reinventar

Com cadeias globais sendo reorganizadas, há uma janela estratégica para que o Brasil ocupe novos espaços na produção global, especialmente em setores como têxtil, farmacêutico, alimentos processados e energia.


Mas para isso, o país precisa:

  • Ampliar acordos comerciais (como Mercosul-União Europeia);

  • Investir em infraestrutura logística;

  • Promover segurança jurídica e estabilidade regulatória.

Sem esses avanços, o Brasil corre o risco de ser apenas “mais um fornecedor de commodities”, enquanto perde as oportunidades reais de industrialização e desenvolvimento.


Previsões para o Brasil em 2025

O FMI revisou para baixo o crescimento do PIB brasileiro em 2025, de 2,2% para 2,0%, justamente em função dos impactos indiretos da guerra comercial. O comércio global deve crescer menos, o que limita a expansão das exportações brasileiras, sobretudo de manufaturados e semimanufaturados.


Ao mesmo tempo, a inflação pode ser pressionada pela alta do dólar, exigindo atenção do Banco Central quanto à política monetária.


Oportunidade estratégica: o Brasil como mediador e fornecedor global


Apesar dos desafios, 2025 também pode ser o ano em que o Brasil se reposiciona como uma potência diplomática e comercial neutra. O país pode assumir um papel de mediador entre blocos, fortalecer o Mercosul, liderar pautas ambientais e se apresentar como fornecedor confiável de alimentos, energia limpa e minerais críticos.

Essa neutralidade e capacidade produtiva colocam o Brasil em posição privilegiada — desde que haja vontade política e articulação diplomática para aproveitar o momento.


O que podemos concluir:

A guerra comercial de 2025 escancarou o novo mundo multipolar, onde o comércio global está mais fragmentado e menos previsível. Para o Brasil, os impactos são evidentes: mais oportunidades no agronegócio, maior pressão sobre a indústria, risco cambial e incerteza nos investimentos.


Mas também há janelas estratégicas únicas. O país pode — e deve — usar esse cenário como uma chance para:

  • Atrair investimentos;

  • Diversificar seus mercados;

  • Fortalecer sua indústria;

  • E ocupar novos espaços na geopolítica global.


O futuro do Brasil no comércio internacional dependerá das decisões que tomarmos agora. E da capacidade que tivermos de enxergar, nas crises, caminhos para crescer.


Um abraço,

Prof Fernando Gaspar

 
 
 

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